23/02/2011

figurinhas do futebol

a ideia é que essa seja uma seção pra falar, também, daquelas figuras folclóricas que tanto nos divertem no mundo da bola. técnico, jogador, ex-jogador, comentarista, narrador, gandula, torcedor, maria-chuteira, se existe relação com o futebol, tá valendo. tenho uma listinha em mente, mas aceito sugestões. começo, hoje, com um dos meus favoritos.


+figurinha # 1


47 anos
jogador de futebol, atacante (de 1984 a 1996)
técnico de futebol (de 1998 até hoje)


cuca é aquele cara que todos esperam ver um dia chegar lá. é uma figura diferente no futebol e é importante que haja alguém como ele nesse meio. talvez por ter pouco a perder, ou por ser louco ousado mesmo, arrisca e constrói equipes quase sempre interessantes de se observar em campo, marcadas pela ofensividade, algum desequilíbrio no sistema defensivo e um certo destempero. times à sua semelhança, afinal.

no limiar entre a loucura e a genialidade, troca de time como quem troca de camisa. ainda assim, de alguma maneira, tem lugar garantido no hall dos grandes clubes brasileiros, já tendo passado, em pouco tempo, pelo são paulo, grêmio, flamengo, botafogo, santos, fluminense, flamengo de novo, fluminense de novo e cruzeiro. não importa o tamanho do fracasso, parece sempre haver uma nova chance para cuca.

+adorável loser (ou cucãodadepressão)

cuca é sensível e tem mania de perseguição. do tipo que chora em entrevistas coletivas, ameaça deixar o futebol e acusa a arbitragem de mancomunar com o rival para, no dia seguinte, ser desmentido em rede nacional e ter que se desculpar publicamente.




un perdedor. mas não apenas porque títulos não lhe são habituais. é mais um estado de espírito. se cuca fosse um time, seria o botafogo. se fosse um piloto, seria barichello. se fosse um estilo musical, seria o indierock. se fosse um personagem de cinema, seria cameron frye. se fosse um calçado, seria um mocassim. se fosse um cartoon, seria o charlie brown. se fosse um músico, seria stuart sutcliffe. 

muito em comum

sua mais impressionante conquista foi ter resgatado o fluminense do rebaixamento iminente, em 2009, em uma campanha heróica de 30 pontos em 16 jogos apenas para, no ano seguinte, ser substituído e ver o time que ajudou a levantar campeão com muricy ramalho.



cuca deixou o são paulo em 2004, com a base campeã mundial de 2005 montada.
cuca deixou o flamengo, campeão brasileiro de 2009, em julho deste mesmo ano.
cuca deixou o fluminense em abril de 2010. em dezembro, o tricolor foi campeão brasileiro.


o único título como treinador, o campeonato carioca 2009, aparece de maneira discreta em seu currículo.

+uma dupla muito louca



cuca tem um fiel escudeiro conhecido como... wait for it... cu-qui-nha! é o seu assistente técnico e irmão, que o acompanha em todos os trabalhos. cuquinha bem que tentou uma carreira de jogador, assim como o irmão, mas, ao lancenet, explicou o motivo pelo qual deixou o sonho de lado:


:D

então, cuca e cuquinha aprontam altas trapalhadas juntos. são de uma graça constrangedora, digna de sketches dos melhores sitcoms. vejam só:

cena 1 - cuquinha, um assistente muito competente

ao lancenet cuca entregou: 


“uma vez não fui à concentração e o capixaba (apoiador) não estava animado. falei: "vai lá e dá uma animada nele, cuquinha". pouco tempo depois, ele me liga: "danou-se. ele não quer mais jogar”. 
cena 2 - cuquinha, um espião muito trapalhão

no globo esporte:


“pode parecer cena do jardim de infância. mas não é, e aconteceu no auditório da gávea, em abril. enquanto os jogadores do flamengo, sob a liderança do então capitão fábio luciano, tinham uma reunião interna, o auxiliar e irmão de cuca, o cuquinha, posicionou-se na entrada e colocou o ouvido atrás da porta (!) para saber o conteúdo do encontro. temia que estivessem tramando contra a comissão técnica. não estavam e muitos sequer sabem que foram espionados”.

+vice é o _________


a passagem de cuca pelo flamengo foi divertida sob muitos aspectos. ele vinha de um longo período no botafogo e havia perdidonos dois anos anteriores, finais para o flamengo, no campeonato estadual, que culminaram no fatídico episódio do chororô




em 2009, flamengo e botafogo se encontrariam novamente, cuca do outro lado, para a prova dos nove. afinal, o maior vice é cuca ou o botafogo? a torcida do glorioso entoava nas arquibancadas:




enquanto nosso treinador favorito tentava o seu melhor para parecer nem tchuns, cool, relaxado&elegante:


"se eu for campeão, não vou chegar aqui no dia seguinte soltando foguetes e também não vou enfiar a cabeça na privada se perder. chegarei aqui com a mesma cara, essa cara feia que vocês sempre vêem".


cuca é matusquelo, é loser, é miqueiro, é corajoso, é genial, é talentoso e é adorável. acredito que um dia chegue lá. onde quer que lá seja. 


(ah, ainda vamos falar da delícia que é o seu cruzeiro, time ofensivo, como sempre, e equilibrado, como nunca. agora vai?)




20/02/2011

ô, o espetáculo voltou, ôooo


essa frase foi proferida em 2008, pelo então técnico do são paulo, muricy ramalho que, nesse mesmo ano, foi tricampeão brasileiro consecutivo, junto ao time. o texto abaixo foi publicado ontem, no blog de rica perrone, após a vitória de quatro a zero em cima do bragantino, pelo paulistão 2011.

"O espetáculo voltou pra casa


Por alguns anos o teatro do Morumbi esteve fechado. Palco de alguns dos mais belos, nobres e tradicionais espetáculos do futebol brasileiros, virou palco para Madona, U2, entre outros. Futebol, não.
 
Até que, sob nova direção, os espetáculos estão, enfim, liberados novamente. Vá ao Morumbi, torcedor! Você não tem mais certeza da vitória, mas também não consegue narrar os lances antes deles acontecerem.

Você não pode mais prometer que sabe o que vai ver. Você vai ao Morumbi pra ver futebol. Ganhar, perder, é do jogo. Não jogar futebol é coisa de covarde.

Covardia nunca coube muito bem na história de um time grande. Alguns que lá estiveram tentaram e conseguiram provar que, covardemente, também se conquista títulos. Os mais novos acreditaram, os oportunistas aplaudiram, mas no fundo todos sabiam a verdade.

Aquele Morumbi de Rai, Palhinha, Muller, Cafu. Aquele palco de Pita, Gérson e tantos outros. Não era um palco qualquer. Não é digno de “qualquer espetáculo”.

Cansados, enjoados e irritados, mesmo campeões, os mais velhos foram deixando o estádio.

Hoje, ainda desconfiados, voltaram a sorrir.

Porque venceu? Não… vencia antes também.

Mas porque jogou. Porque driblou. Porque viveu. Porque tentou. Porque sorriu em campo.

Sim, time de futebol dá risada!

O SPFC não sorria há muito tempo. Campeão, ele dava risada irônica. Hoje, ainda longe de conquistas, ele sorri como um menino.

Meninos! Talvez seja este o segredo.

Lucas, Casemiro, William…. fome de vitórias!

Molecagem, algo que só moleque faz.

Futebol não é resultado. Isso é lenda, frase feita, história pra boi dormir. Futebol é sonho, expectativa, paixão e arte.

Hoje o SPFC apresenta um novo espetáculo.  Pode perder, pode ganhar, pode dar tudo errado.

Mas você não sabe o que vai encontrar.

E isso, somente isso, já vale o seu ingresso.

Volte ao Morumbi. Pois o espetáculo voltou.

abs,
 
RicaPerrone"

e que fique claro: sou admiradora do trabalho de muricy, a quem sou muito grata. comemorei cada título que ele trouxe ao morumbi com alegria e paixão. mas esse texto de rica perrone, confesso, aqueceu o meu coração são-paulino e me fez relembrar os motivos pelos quais comecei a torcer por esse time. o time de telê, de raí, de palinha, muller, cafu. 



futebol carismático, leve e bonito também pode conduzir às vitórias. e garantir um caminho muito mais prazeroso até elas.



 que abram as cortinas.

16/02/2011

roberto damatta e o futebol


vou usar esse espacinho aqui também para compartilhar com vocês coisas que gosto de ler e que influenciam o meu olhar sobre o futebol, certo? vocês conhecem roberto damatta? provavelmente, né? pra quem não conhece, é um grande antropólogo carioca, nascido em 1936, que se dedica aos estudos do brasil e suas manifestações culturais de uma maneira muito especial. 


não compartilho de suas visões políticas, mas o que me chama a atenção em seu trabalho é a importância dispensada aos estudos de temas considerados 'não sérios' no brasil. antes dele, acadêmicos tratavam o futebol, dentre outras 'desimportâncias' (carnaval, por exemplo), com desprezo e simplismo, respaldados pela ótica marxista (old) que tachava o esporte de 'ópio do povo', ou apenas mais um instrumento de alienação (ai, meu saco imaginário)


damatta foi pioneiro em uma nova maneira de pensar o futebol, enxergando-o como um atalho para descobertas profundas sobre quem somos, como uma projeção de valores essenciais para o significado do ser brasileiro. abaixo, ele fala do papel simbólico e transformador do futebol no país. e é brilhante. esse texto pode ser encontrado em uma das paredes do museu do futebol (que site ruim é esse, gente) – como não poderia deixar de ser.


bem prum setentão, hein.
"o amor ao futebol como disputa apaixonada faz com que se perca de vista o seu papel transformador. mas o fato é que o futebol tem sido uma ponte efetiva (e afetiva) entre a elite que foi buscá-lo no maior império colonial do planeta, a civilizadíssima inglaterra, e o povo de um brasil que, naqueles mil oitocentos e tanto, era constituído de ex-escravos. juntar brancos e negros, elite senhorial e povo humilde foi sua primeira lição. o futebol demonstrou que o desempenho é superior ao nome da família e a cor da pele. ele foi o primeiro instrumento de comunicação verdadeiramente universal e moderno entre todos os segmentos da sociedade brasileira. ele tem ensinado a agregar e desagregar o brasil por meio de múltiplas escolhas e cidadanias. 


a segunda lição veio com seu desenho. ele exprime valores antigos (a idéia de que há sorte em todos os confrontos), mas é dele também o ideal moderno de treino. como uma atividade aberta, ele não discrimina tipos físicos e classes sociais. o sujeito pode ser preto ou amarelo, alto ou baixo, culto ou ignorante, mas o que interessa é que saiba jogar. mais: seu foco não são as nobres mãos que levam para o céu (como acontece no vôlei ou no basquete), mas os humildes pés que nos atrelam ao chão e a terra. no futebol, o pé que carrega o nosso corpo transforma-se num mágico instrumento capaz de enganar o adversário e de controlar e passar a bola. como a capoeira, o jogo do ‘pé na bola’ trouxe a multidões de brasileiros a possibilidade de, ao menos simbolicamente, inverter o jogo. no brasil, ele abriu a possibilidade de trocar as mãos pelos pés. 


o pé, associado à pata e à brutalidade das bestas de carga, muda de posição no futebol. nele usa-se o pé, sim, mas com método. seguindo um regulamento que torna as chuteiras de todos os tamanhos e feitios, iguais. e aí está sua lição mais importante: o futebol civiliza o pé. ele mostra que a parte mais atrasada e bárbara do corpo pode ser submetida não só às sutilezas do jogo, mas à civilidade do saber ganhar e perder sem ódio, de modo transparente e por esforço próprio. sem a ‘mãozinha’ dos amigos ou parentes. foi num campo de futebol, não num parlamento, que o povo brasileiro teve a prova de como é maravilhoso juntar treino com talento; ordem com imprevisibilidade; jogadas espetaculares com uma estrutura fixa; e, finalmente, o vitorioso com o derrotado. no futebol, como na democracia igualitária, o ganhador não pode existir sem o perdedor, que terá o triunfo amanhã, mas que hoje, na derrota, valoriza e legitima a nossa vitória".

14/02/2011

a importância de ronaldo (ou a receita de um fenômeno)

ontem assistia a uma mesa redonda de futebol com o meu namorado. o assunto era, é claro, a primeira morte  de ronaldo. renato maurício prado, comentarista da sportv, dizia que ronaldo está no hall dos maiores atletas que o mundo já viu. não apenas do futebol, mas do esporte, em geral.

“tsc, que exagero, que absurdo, bufou Luciano.

nós costumamos falar muito de futebol e discussões sobre a relevância de ronaldo sempre permearam nossas conversas. temos visões opostas. enquanto ele argumentava sobre o suposto exagero do comentarista, eu matutava que ronaldo está, na verdade, no hall dos maiores ídolos do mundo. não apenas do futebol. não apenas do esporte. ele transcende. é, sim, um fenômeno.

+ qualidade

ronaldo foi um grande jogador. um craque, dos melhores centroavantes que o mundo já viu. mas eu sou me-ni-na e a primeira copa que pude acompanhar foi a de 90, sou da geração dunga, eu não sei de nada, sabe, não vi jogarem zico, garrincha, tostão. opa, tostão:


é verdade, não era completo. mas o que fazia, fazia com maestria. alguns lances são verdadeiras obras de arte. é bem isso. ele está no seleto grupo composto por aqueles que transformam algo supostamente vulgar – o futebol é isso, para muitos – em arte. minha mãe, que pouco entende ou aprecia  futebol, consegue observar um lance como esse entender que se trata de algo especial.


um centroavante diferenciado pela força, impulsão, técnica, arrancada e precisão nos passes. mas não somente. ao informar que deixava os campos, disse “a cabeça pensa, mas o corpo não responde mais”. a cabeça, sabe. ronaldo é inteligente. e a sua inteligência entrava em campo e o fazia especial.


+ inteligência

extremamente inteligente. e, foi assim, ao longo de toda a sua carreira, dentro e fora de campo. o futebol, neste nível em que ronaldo integrava, oferece muitas oportunidades de crescimento e aprendizado. viagens, vivência em países diferentes, línguas (é fluente em cinco idiomas), culturas, importantes contatos. mas poucos absorvem o que há de realmente rico nessa experiência. ronaldo não deixou nada passar. era ainda um adolescente quando foi ao exterior e ganhou a sua primeira copa do mundo. morou na holanda, na itália, na espanha, conheceu gente importante. absorveu tudo isso. cresceu intelectualmente com a mesma rapidez com que músculos se espalharam no seu corpo originalmente franzino. se você está torcendo o nariz nesse momento, sugiro que leia ou assista uma entrevista com ele. se ainda discorda, então recomendo que reveja os seus preconceitos. nota: existem jogadores de futebol inteligentes. ronaldo é – era – um deles. não tem a formação acadêmica de um sócrates ou de um tostão. mas é de uma inteligência sagaz que considero admirável.

+pioneirismo

"ah-mas-é-tudo-marketing-jogador-bom-era-aquele-lá-do-meu-tempo-quando-o-futebol-não-era-negócio-era-romântico-e-jogador-não-tinha-ferrari-e-fazia-tudo-por-amor-ao-esporte-e-zzzzronc".

brinquedo. na real, eu entendo mesmo o que as pessoas querem dizer quando falam ‘sim, um fenômeno do marketing’. entendo que ronaldo virou símbolo de um momento de mudança, uma nova maneira de jogar, de pensar, de lucrar futebol. para o bem e para o mal, grandes acordos publicitários, cifras até então inimagináveis passaram a compor esse meio. nascia o jogador máquina, forte, musculoso, popstar. depois dele, muitos seguiram essa linha. mas nenhum alcançaria o seu patamar.

o que me incomoda nesse argumento de que 'o sistema promoveu ronaldo’ é que, além de chato pra burro, ele tende a ser unilateral. então, provoco: ronaldo foi mais beneficiado ou vitimado por esse sistema? a transformação que seu corpo sofreu em pouco tempo é natural?




e as consecutivas lesões, que tanto ameaçaram a sua carreira, foram produtos da mera falta de sorte? e a batalha posterior com a balança, apenas um descontrole alimentar? ou você pensa que o metabolismo dele, depois de tudo, é como o nosso? ronaldo foi pioneiro de uma nova forma de se jogar futebol. e pagou um alto preço por isso.

+empatia*

quase um anti-herói. assim como o futebol espelha a sociedade, ronaldo refletia o que havia de melhor e pior em cada um de nós – com uma dose extra de talento, naturalmente. a ganância, o esforço, a deslealdade, a contradição, a humildade, o erro, a dor e a alegria. a superação. algumas recentes campanhas publicitárias fizeram o desserviço de banalizar essa que talvez seja a sua característica mais singular. o fator x. ronaldo gostava de ser questionado, desafiado. alimentava-se da desconfiança alheia e fazia dela sua força. e, enquanto seu corpo pôde responder, ‘renasceu’ e calou os céticos ao menos três vezes. o seu simples retorno aos campos, após duas lesões graves e consecutivas nos joelhos, já seria impressionante o suficiente. mas ele é o fenômeno, afinal. não apenas voltou, não apenas jogou uma copa do mundo. foi o nome da copa de 2002, artilheiro e responsável inquestionável pelo pentacampeonato. esse foi o cume da sua carreira, o principal argumento contra quem lhe questiona e o ato que imortalizou um jogador por demais (e encantadoramente) humano.




*não no sentido cognitivo, mas no afetivo,que, segundo theodor lipps, serve "para indicar a relação entre o artista e o espectador que projeta a si mesmo na obra de arte".


+je ne sais quoi

qualidade 
+inteligência 
+pioneirismo 
+empatia 
=fenômeno?
falta algo nessa conta, certo? algo que a gente sabe o que é, mas não tem nome. ontem, vanderlei luxemburgo tentou explicar:

“ele mostrou que, para ser um grande atleta, não adianta só ter qualidade. tem de ter algo mais, uma coisa diferente. é o ser humano, uma vontade muito grande de vencer. e é o que ele fez na vida”

ronaldo tinha talento pra futebol e nele teve a oportunidade de ser grande. e foi gigante. e penso que o seria no que se propusesse a fazer. seria o melhor padeiro da cidade. o maior traficante do morro. alto executivo de uma grande empresa. um grande chef de cozinha. um rockstar. enfim, vocês entenderam. acho que isso fecha a conta de um jogador que, hoje, sai dos campos para entrar para a história. e que toda a rivalidade boba, toda crítica vazia e mesquinha seja colocada de lado. que ele seja muito homenageado, como merece. que possa agora, na sua segunda vida, livre do patrulhamento, ter paz.



no meu altar do futebol, o lugar dele é de destaque. e no seu?

+(gtalk)

eu: escrevi sobre ronaldo. você vai discordar de tudo.
luciano: massa. hehehehe. não discordo de tudo
eu: eu falo de você no texto, hahahaha
luciano: hahahahaha. com certeza negando o que falo
você acha isso: "segunda-feira de luto. ronaldo não morreu, mas é o fim de uma carreira fantástica. ele é o único que pode ser considerado próximo a pelé."?
eu: depende do ângulo. não pela bola. foi um grande jogador, mas há muitos outros
mas pelo tamanho, sabe? ídolo.
luciano: ah. po, eu analiso bola, o resto é confeitaria. como ídolo concordo, o resto todo
eu: não, não é confeitaria. se futebol fosse só bola perderia metade da graça. você sabe disso
luciano: sim, eu sei. mas to dizendo que na analise da grandiosidade de um jogador, entra pra mim o que ele faz em campo, apenas. pelo menos eu sou assim. entendo a outra análise, e isso faz entender porque discordo da maioria
eu: não consigo falar dele apenas como jogador porque ele transcende. nunca vai ser apenas jogador. ídolos são assim
luciano: mas pode falar do todo e dele como jogador. porque, por exemplo, zidane, zico, romário e maradona pra mim foram melhores que ele no campo. mas ele é gente boa, ídolo, tudo isso, ai fica maior. e tem que levar em conta que ele é garoto propaganda de uma das maiores empresas do mundo desde quase o inicio da carreira
eu: e você tem que levar em conta o motivo pelo qual a empresa escolheu ele para garoto propaganda. empresas investem em quem dá retorno. ele não é grande por conta da empresa. o raciocínio é oposto.
eu: ontem luxemburgo falou uma coisa sensacional. disse que ronaldo tem uma algo que não se pode medir, não se pode tocar. uma gana de vencer.
luciano:o ídolo é maior que o jogador, só isso que acho. acho um descalabro é colocarem ele na mesma linha que pelé, nem na de maradona, zico e zidane ele entra
eu: depende da maneira como se avalia. não dá pra descolar, compartimentalizar tudo. as coisas não são assim simples.
luciano:  po, não é compartimentalizar, é a genialidade dentro de campo que avalio, apenas isso. é ver o que faz em campo, o resto é resto e acho mesmo. po, james brown é filha da puta, garrincha um bebado irresponsável, romário um escroto marrento, maradona um viciado irresponsável e brigão. e daí? eu entendo você não separar, não to questionando
eu: a minha avaliação não é moral, lú. de maneira alguma. o cara pode ser moralmente questionável e ser grandioso. ronaldo foi muitas vezes. não é disso que eu falava.
luciano: eu sei, só to exemplificando
eu: há de se considerar o impacto que o jogador teve na história do futebol. a forma como ele mudou a maneira como se pensa futebol. ele é um símbolo do futebol grandioso. o futebol sustagem, haha
luciano: concordo
para o bem e para o mal inclusive
eu: não tô dizendo que dentro de campo se compare a um pelé. ninguém se compara a pelé
luciano: ele não se compara nem a romário para mim
eu: mas comparo a maradona sim. e acho maior que romário.
você implica com ele. você tem dessas coisas, umas implicâncias. tipo, você estabeleceu isso na sua cabeça e nunca vai mudar de opinião. você me disse uma vez que ele não entra numa lista dos 20 melhores centroavantes do mundo, lembra? louco. hahaha
luciano: po, eu acho que em campo não tem a mínima comparação com maradona,
admito que ele é grandioso, um ídolo, importante. só não acho que o futebol dele é equivalente a isso, ou melhor, não é superior aos outros craques que citei. me diga em campo porque ronaldo é melhor que romário.
eu: ronaldo, em sua melhor fase, fazia gols absurdos
luciano: romário também
eu: transcendia a grande área
romário também, eu sei
luciano: só que romário não tinha a tv em cima como teve ronaldo o tempo todo
eu: mas as jogadas de ronaldo me impressionam mais
luciano: romário fazia gol de cabeça sempre, ronaldo não
romario batia falta muito bem quando queria, ronaldo não
eu : tô nem aí pra gol de cabeça, lú
luciano: romário chutava muito bem de fora da área, ronaldo não.
eu: ronaldo conduzia a bola pra dentro da área como poucos. os passes que ele dava eram absurdos. servia muito bem, além de tudo. tinha explosão, força em perfeito equilíbrio com habilidade, técnica. pensava as jogadas, arquitetava em milésimos de segundos. era inteligente.
luciano: sim, concordo, isso ai ele entra no mesmo nivel desses outros
eu: romário era incrível
eu concordo. mas acho ronaldo melhor.
luciano: pronto, discordamos
eu: há muito tempo discordamos nesse aspecto
luciano: eu sei, amor
eu acho ronaldo fora de série, acima da média, uma atacante excepcional
só não acho um gênio da bola
eu: gênio da bola = pelé
só ele
mais ninguém
pelé era leonardo da vinci, era galileu, era einstein
pelé pode ser comparado com esses aí
luciano: é, eu sei
eu:  você deixa eu colar essa nossa conversa no blog?
luciano:deixa
eu: :)